quarta-feira, 2 de março de 2011

Crítica: 127 Horas

Muito antes de Quem Quer Ser um Milionário, Danny Boyle já tinha um projeto em mente: Contar a história do alpinista Aaron Ralston, que ficou com uma mão presa embaixo de um rocha por 5 dias. Inicialmente Ralston rejeitou a proposta, pois não conhecia o diretor suficientemente para entregar a história que mudou sua vida. Um tempo depois, Aaron viu a vitória avassaladora de Boyle no Oscar 2008 e finalmente cedeu aos pedidos do diretor.
O filme, que na 1° metade mostra a vida de Aaron e os belos canyons do lugar onde se passa a história (o filme quase que vira um documentário), torna-se um filme de sobrevivência na 2° parte, jogando o espectador para o puro suspense: será que ele conseguirá pegar o canivete? A água durará o suficiente?
Claro que todos nós conhecemos o final dessa história, mas a maneira com que o diretor maneja o filme torna-o interessante.
A começar pela filmagem: Danny Boyle usa de várias linguagens para apresentar o espectador todos os lados da história, como a tela dividida em três, o interior do tubo de água e do armário onde estava um anivete melhor, etc. Mas, dentre todas essas, a que realmente importa é a câmera: Como o personagem está sozinho, a filmadora torna-se o principal meio de comunicação entre o interlocutor e o locutor. É lá que Aaron confessa tudo o que sente (contando com uma belíssima atuação de James Franco, que só não levou o Oscar por puro azar), é por lá que entendemos o que ele está delirando, o que ele sente falta, ou seja, é por esse aparelho que a história funciona.
Outro fator importante na história é o delírio: Ralston tem vários deles por causa de vários fatores, mas o que importa são o que eles representam. Seja pelo término do namoro, seja pelo distanciamento dos pais, seja mesmo pela festa que ele não pode comparecer, Aaron percebe o tanto que perdeu em sua vida. É o isolamento humano, como o de Zuckemberg em a Rede Social. Ele sente o mesmo que o personagem de Jesse Einsenberg no filme de David Fincher, mas de uma maneira diferente. Um exemplo claro disso aparece quando Aaron imagina o quanto de líquido teria na festa, e vem na cabeça várias e várias propagandas de bebida. Ele sente na pele o que está perdendo.

Obs: A partir daqui há spoilers do final do filme. Leia sobre seu próprio risco.



Uma das cenas mais chocantes de 127 Horas é o corte do braço de Aaaron (que fez várias pessoas terem acessos de vômitos e desmaios), mas no momento que ele fotografa o local a gente entende: A experiência pelo qual ele passou é uma experiência pelo qual todos nós devemos passar. Claro, sem precisar tomar o mijo ou cortar o braço.



Nota: 10

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