segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Crítica: Amor

O lado duro de amar

O diretor austríaco Michael Haneke têm se destacado bastante no mundo cinematográfico nos últimos. Ganhador duas vezes do prêmio máximo de Cannes, a Palma de Ouro, Haneke consegue com poucos recursos criar muita reflexão no espectador, a exemplo de A Fita Branca e Violência Gratuita. Sua última obra feita até o momento, Amor, continua essa corrente.
O filme conta a história de um casal de velhinhos apaixonados, que vivem uma vida confortável em seu apartamento gigante e bem organizado, demonstrando em seu interior o quão cultos (o piano, as pinturas, os livros e as músicas) e confortáveis (a mobília de madeira e as poltronas) eles são. Tudo isso começa a mudar, porém, com a esposa sofrendo um derrame e aos poucos piorando seu estado.
Esse definhamento da mulher em direção à morte começa a mudar tudo. Seja nas pessoas que ali entram (como uma enfermeira ou um ex-aluno dela) ou pela casa em si, que aos poucos vai se tornando menos uma casa e mais um túmulo, o que permanece ali é apenas o amor dele, recusando-se a tirar sua amada dali e mandá-la pro hospital, respeitando o que ela pediu. O filme cresce muito a partir daí: Como mostrado no começo, você conhece o destino da mulher, mas ver como ela chega àquele ponto causa muitas olhadas para o lado e sensação de estômago revirado. E o pior é ver essa aproximação da morte aos poucos atingir o marido (Uma das cenas mais bonitas é ele imaginando a esposa tocando piano e desligando o aparelho de som).
Sobra espaço para atuações espetaculares de Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintgnant, que dão humanidade e compaixão aos seus personagens, principalmente para Emmanuelle, criando aflição no espectador pelo seu sofrimento. Pode-se dizer que o filme seria outro sem eles.
Amor ao final de tudo é um filme sobre o lado difícil da sensação de amar, onde duras decisões devem ser feitas e o egoísmo deve ser deixado para trás. É sobre como lidar com o inevitável fim e, consequentemente, o que fazer depois deste. Mais um acerto de Haneke para a lista.

Nota: 10/10

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