segunda-feira, 22 de abril de 2013

Crítica: Injustice - Gods Among Us

O perfeito equilíbrio entre adaptação e criatividade

Reunindo milhares de fãs pelo mundo inteiro, os quadrinhos de super-herói sempre encontraram dificuldade em propagar sua qualidade para o mundo dos videogames. Geralmente feitos de maneira porca e rápida, as produtoras responsáveis pelas adaptações desses maravilhosos e coloridos universos poucas vezes souberam traduzir bem a maneira como essas revistas cheias de desenhos encantavam gerações pois sempre visavam o lucro rápido e fácil. Essa tendência capitalista tem sido aos poucos deixada de lado, visto os números cada vez mais baixos de vendas devido à alta exigência de seu consumidor, e cresce-se lentamente o número de bons a excelentes jogos baseados nos heróis da Marvel e da DC.
A partir do universo desta última que a Netherrealm Studio entrega agora Injustice: Gods Among Us, jogo de luta envolvendo dois mundos da editora do Batman e Superman. A trama da campanha já faz uma alusão a vários temores do morcego (e dos leitores), mostrando um mundo onde o último filho de Krypton perdeu totalmente sua fé na humanidade e resolveu fazer nosso planeta à sua vontade. Apesar de bastante curta (Não demora-se mais de 4 horas para terminar a história), a profundidade envolvida no psicológico de vários personagens e seus discursos (executada por equipes de dublagem espetaculares. Seja na versão brasileira, seja na americana, a Warner Games, responsável pelos direitos, trouxe o elenco de vozes dos desenhos originais e clássicos, como o brasileiro Guilherme Briggs ou Kevin Conroy) compensam o pequeno espaço de tempo dedicado.
Mas o jogo não para por aí: Além da campanha, Injustice traz vários modos de jogo, desde a clássica escadinha, agora com mais de dez estilos, variando do só com vilões ou heróis até os mais complicados, como vencer todos os lutadores com apenas uma vida no modo mais difícil, até os S.T.A.R. Labs, composto de 240 minigames que aprofundam o jogador nos golpes de todos os personagens. E o mais importante: conforme você vai vencendo desafios e crescendo de nível, mais roupas, artes conceituais e trilhas vão sendo liberadas, ampliando a gama de perfis possíveis e aproveitamento da compra do game.
Em termos de heróis e vilões escolhidos, a Netherrealm apresenta altos e baixos. Enquanto que todos os 24 personagens da DC tenham estilos próprios e perfeitos para o seu tipo, alguns dos apresentados são equivocados. Exemplos disso são Nevasca e Ares, feitos apenas para representarem uma oposição à Mulher-Maravilha e o Arqueiro Verde, e Bane, integrante do jogo apenas pelo sucesso recém-adquirido após ser o vilão de O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Mas a jogabilidade desses não se enfraquece, esses personagens apenas acabam não sendo muito utilizados.
Fora esse pequeno problema, o elenco é sensacional. Através de uma trama que permita liberdades criativas, a Netherrealm reinventa o visual de vários personagens, adequando a seus momentos e universos. Desde as mudanças mais simples como o uniforme do Superman de nosso mundo aos mais ousados como os da realidade paralela, a produtora arrisca a criar seu próprio guarda-roupa, alhinhando ao estilo mais sombrio do próprio jogo.
O design de fase também merece elogios. Assim como a jogabilidade, que se baseia na outra franquia famosa da produtora, Mortal Kombat, mas cria estilo próprio, os cenários clássicos da DC tem claras referências a série Batman: Arkham, outra famosa franquia dos videogames da editora. Por muitas vezes não dá pra segurar um sorriso quando se vê Hugo Strange na galeria do asilo ou ainda o Killer-Croc fazendo a transição de andar.
Falando em transição, as novidades trazidas ao gênero de lutas são bastante interessantes. Em meio a uma sequência de golpes pode-se, por exemplo, atirar o adversário para fora do cenário, e após uma cadeia de eventos (que vão tirando vida), o arremessado aterrissa em um novo ambiente, onde a luta continua. A fase atua como uma ferramenta, e quebrar lustres e atirar pianos cria ainda mais sorrisos e risadas maléficas pra cima do amigo.
Com tantas qualidades, Injustice cria uma sensação de alegria nos fãs da DC e deixa um ar convidativo para quem quer conhecer este universo. Além disso, cria-se mais uma grande franquia de luta baseada nos universos de super-heróis, até então representada unicamente por Marvel vs. Capcom. Mais importante, porém, é a prova definitiva que é possível fazer uma adaptação de quadrinhos para os games com grande respeito pela obra e mesmo assim transformá-la em uma experiência criativa. Experiência que deve ser sentida - e repetida!

Nota: 9/10

0 comentários :

Postar um comentário