domingo, 16 de junho de 2013

Crítica: Além da Escuridão - Star Trek

Star Trek finalmente entra no século XXI

Não é de hoje que franquias esquecidas são resgatadas para os tempos atuais. Desde o remake de King Kong  na década de 70 os produtores, com o intuito de capitalizar em cima das produções, procuram a todo custo entregar histórias excelentes do passado para as novas gerações, nem sempre na maneira mais correta possível. Remakes como Vingador do Futuro ou Poseidon acabaram por afundar ainda mais nos mares da História seus contos e significados.
Entre tantas dessas franquias temos Star Trek, que, embora seja uma das séries mais famosas de todos os tempos, não conseguiu repetir seu sucesso após seu retorno às telinhas com A Nova Geração. Sabendo do potencial da tripulação da Enterprise, a Paramount resolveu então reiniciar o universo, colocando à frente da equipe de produção J.J. Abrams, na época conhecido por ter sido o responsável pela criação de Alias e Lost. Em 2009 saía nos cinemas esse reboot, que trazia como objetivo principal trazer novos fãs para a franquia, além de, claro, fazer as pazes com os antigos admiradores. Apesar de ter sido excelente, Abrams não conseguiu convencer o público, conseguindo somente o suficiente para empatar os custos de produção.

Entre acertos...

Essa tarefa de levar mais gente ao cinema caiu nas mãos deste Além da Escuridão, que aprende com alguns erros e acertos da película de 2009 para nos entregar um filme cheio de ação e alucinante, mas sem se esquecer de propor uma trama caprichada. Os atritos do capitão Kirk (Chris Pine) com a Frota são ampliados com a entrada de John Harrison (Benedict Cumberbatch), um dissidente que quer se vingar da organização a qualquer custo. Há ainda um desenvolvimento interessante nas relações do chefe da Enterprise com Uhura (Zöe Saldana) e Spock (Zachary Quinto), cujo relacionamento é desequilibrado por alguns eventos. Especialista nisso, Abrams aproveita muito bem os diálogos e situações propostas pelos roteiristas, tornando-os rápidos e oscilantes entre o humor e a tensão.
Outro personagem de destaque é o vilão da história. Apesar de apresentar algumas falhas de concepção (algumas motivações e o passado são mal-explicadas), John Harrison tem um psicológico muito maior que Nero (inimigo do primeiro filme), e aliado ao seu corpo e mente ampliados torna-se um adversário perigoso e mortal. Ainda sim, cria-se em vários momentos conexões com o público, que consegue entender sua dor e ódio pela Frota. Tudo isso graças à atuação de Cumberbatch, cada vez mais se sagrando um dos melhores atores dessa geração.

... E erros

Falando em falhas, o roteiro, por mais que seja bem elaborado, apresenta resoluções preguiçosas para alguns problemas. Inúmeros detalhes poderiam ser apontados, mas vale destaque para Carol Marcus (Alice Eve), cuja importância para certos momentos e o motivo de estar ali são nulos (a não ser que seja para ficar de roupa íntima), podendo ser substituída pelos mal-aproveitados Chekov (Anton Yelchin) e Sulu (John Cho), e a necessidade do Dr. McCoy (Karl Urban) de no final capturar Harrison para tirar seu sangue, quando há outros 72 espécimes para a coleta.
Mas não há tempo para conseguir reparar nesses defeitos graças ao ritmo acelerado. Com tanta informação sendo jogada na tela, é difícil parar para sequer respirar e apreciar a brilhante trilha de Michael Giachino. A ação também é espetacular, entregando momentos marcantes para a película e para a própria história do cinema.
Ao final de Além da Escuridão, nota-se nas decisões tomadas por Abrams um direcionamento prévio para a franquia. Não podendo mais dirigir o terceiro filme (já que vai comandar o retorno de Star Wars ao cinema), o diretor deixa um legado importante para a Enterprise e sua tripulação nos cinemas, mexendo em suas estruturas sem deturpar o que foi criado por Gene Roddenbery há quase 50 anos. E mesmo sendo o Star Trek menos Star Trek de todo o cânone, Além da Escuridão cumpre seu objetivo e prepara o espectador para as novas missões da Enterprise, que explorando novos planetas e civilizações vai agora corajosamente para onde nenhuma franquia cinematográfica ou remake jamais foi.
Nota: 9/10

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