quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Crítica: Chico Bento - Pavor Espaciar

Terceira publicação da Graphic MSP mistura imagem, homenagem e diversão 

Por Pedro Strazza

Não é de hoje que a criançada lê a Turma da Mônica. Criados no início dos anos 60, os personagens de Maurício de Sousa estão praticamente em quase todo o lugar no dia-a-dia dos pequenos, de livros a lancheiras. Mas o que ainda mais faz sucesso são as revistinhas da baixinha gorducha e seus amigos, cuja simplicidade e humor honesto despertam o sorriso até da criança mais triste.
Essas marcantes características da obra de Maurício também são bastante usadas nos trabalhos de Gustavo Duarte, terceiro artista convidado da Graphic MSP, selo que entrega os personagens da Turma da Mônica para artistas de fora reinterpretá-los à sua maneira. Crescido na cidade de Bauru, interior de São Paulo, o cartunista aproveita a liberdade criativa cedida para realizar aqui uma verdadeira homenagem à infância e a diversão proporcionada pelas histórias de Chico Bento em Parvor Espaciar.
A própria trama do encadernado já nos dá uma pequena dica do que vem por aí: Com os pais fora, Chico e seu amigo Zé Lelé ficam sozinhos uma noite com o porco Torresmo e a galinha Giserda em casa. O que era pra ser uma noite tranquila, porém, logo se torna um pesadelo quando os quatro acabam sendo abduzidos por alienígenas, cujos planos para a turma são extremamente malignos.
Formado em design gráfico e originalmente um cartunista de várias publicações, Duarte é especialista em contar uma história divertida usando apenas os seus traços, como visto em Monstros e Birds, e apesar de pela primeira vez, em sua carreira nos quadrinhos, usar balões de texto, o processo aqui se repete. São várias as páginas onde a ação da graphic novel se conduz apenas pela ação física de Chico Bento e Zé Lelé, mesmo em momentos aonde o ritmo seja menor.
Outro ponto interessante em Parvor Espaciar são as inúmeras referências apresentadas. De Spirit ao faraó Akhenaton, a obra brinca o tempo todo com a História da ufologia e as paixões do autor, que consegue ainda encaixar o seu time de futebol em um dos quadros da HQ. Essa inclusão confere à graphic novel de Duarte um maior saudosismo dos tempos onde ler as novas aventuras de Chico Bento era a maior diversão do dia.
E é através desse ritmo brincalhão que esta terceira obra da Graphic MSP conquista seu leitor, seja ele adulto ou criança. Se o primeiro lembrará em vários momentos da alegria à infância (não tanto como em Laços, porém), a garotada tem de tudo para adorar a narrativa visual de Gustavo Duarte, cuja carreira promete explodir no ano que vem com o lançamento de suas outras histórias nos Estados Unidos. Nada mais justo para um homem com característica tão marcante em seus desenhos leves e divertidos, bem à maneira Maurício de Sousa de se escrever.
Nota: 10/10

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