quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Crítica: Rush - No Limite da Emoção

Velocidade e tensão marcam poderoso antagonismo dos anos 70

Na Fórmula 1, a combinação entre piloto e máquina é fundamental para o sucesso. Em mais de sessenta anos de vitórias e derrotas em alta velocidade, essa estranha mistura sempre foi importante para que se definisse nos pódios os primeiros, segundos e terceiros lugares de todas as corridas, sendo talvez aí a principal razão desse perigoso esporte, mesmo em tempos mais seguros, atrair a atenção de vários espectadores ao redor do globo. Carros e pilotos arriscam a cada curva seus motores e vidas em busca do tão sonhado caneco da vitória.
É nesse ambiente que o diretor Ron Howard filma a forte rivalidade entre seus dois protagonistas em Rush - No Limite da Emoção. De um lado o frio, calculista e por oras arrogante piloto austríaco Niki Lauda (Daniel Brühl), da Ferrari, que literalmente compra sua vaga no campeonato. No outro temos o britânico James Hunt (Chris Hemsworth), cujo charme e sucessivas conquistas na Fórmula 3 garantem a ele uma equipe para a disputa do torneio principal. Completamente opostos, o antagonismo evidente de ambos definiu o automobilismo e suas emoções nos anos 70, gerando corridas acirradíssimas e problemas em suas vidas pessoais.
Essa disputa pessoal é filmada com primor por Howard e sua equipe, que buscam o tempo todo deixar o espectador à beira de seu assento. Os ângulos nas curvas, os tons mais amarelados e granulados e os interessantes cortes na edição final, embaladas pela agitada trilha sonora de Hans Zimmer, criam aqui um ambiente de pura tensão, igual aos vividos pelos torcedores nos grand prix. Seja para Lauda ou Hunt, o público no cinema quase pula da carreira para celebrar suas vitórias ou lamentar as sofridas derrotas. A última corrida é prova disso, e provavelmente deixará muita gente roendo suas unhas.
Além de um visual e tensão bem feitos, Rush também apresenta uma excelente história. O roteiro de Peter Morgan (Frost/Nixon) equilibra tanto o tempo de tela dos dois pilotos quanto o dentro e fora da competição, ilustrando perfeitamente o quão problemáticos eram suas vidas. Enquanto Lauda é extremamente metódico e arrogante em tudo, não permitindo ninguém em sua vida, Hunt possui uma alma furiosa que, com muitas festas e brigas, atrapalha sua concentração para as corridas e seu casamento com a modelo Suzy Miller (Olivia Wilde). Não é à toa, portanto, que ambos criem uma relação explosiva, e as poderosas atuações de Hemsworth e, principalmente, Brühl ajudam a dar esse tom.
Aliando todos esses fatores, a recriação de época de Rush é extremamente competente e adequada. Mesmo acelerando em algumas soluções de roteiro, o filme é um excelente retrato da animação e emoção das corridas de um período onde a Fórmula 1 ainda possuía esse ritmo de tensão (afinal, um piloto morria a cada ano) e forte rivalidade. E quanto mais perto o final se aproxima, a virada de mesa que o espectador toma mais clara fica, provando o quão teatral e real tudo aquilo poderia ser.
Nota: 10/10

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