segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Crítica: Jogos Vorazes - Em Chamas

Sequência acerta problemas do filme anterior e cria novos olhares para série

Por Pedro Strazza

Quando o primeiro Jogos Vorazes chegou aos cinemas no ano passado, pouco se esperava em termos de bilheteria. Afinal, Hollywood ainda estava de luto pelo fim da extremamente bem sucedida série Harry Potter nos cinemas, e a busca por uma franquia literária infanto-juvenil substituta de mesmo peso não dava sinais de esperança aos analistas. Com a ajuda dos fãs e de uma produção até razoável com o orçamento disponível, porém, o longa conseguiu alcançar números financeiros surpreendentes e garantiu uma sequência, que estréia agora com a pompa de um dos blockbusters mais esperados do ano.
Essa maior aposta do estúdio na franquia já rende de cara a Jogos Vorazes - Em Chamas uma qualidade não vista no primeiro filme: Refinamento. Se o longa anterior era prejudicado seriamente pela ausência de recursos e uma direção fraca, a sequência aqui não poupa seu alto orçamento (Dobrado em relação a Jogos Vorazes) para criar uma Panem melhor detalhada. Sai o visual "quero-ser-indie"- que incluía uma câmera tremida péssima -, entram os sets mais caros e notavelmente vistosos (principalmente da Capital, muito mais exuberante e exótica).
A trama de Em Chamas também merece o devido destaque. Aprofundando-se mais na política totalitária do país e no jogo sujo existente nos panos dos Jogos, o filme cria novas camadas para seu público entender melhor a razão perversa que existe no anual evento sangrento e adorado pelas massas ricas da Capital, além de mostrar as consequências dos atos da protagonista Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) na última edição. Seja pelo conteúdo do livro ou pelo talento dos novos roteiristas contratados - incluindo aí Michael Arndt - a produção ganha um novo e interessante ponto de vista a ser devidamente explorado. Tudo ditado por um ritmo devidamente acelerado e intenso.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da personagem principal recebe aqui um melhor foco. As relações entre Katniss e os diversos núcleos de sua vida criam no espectador a sensação de perdido que a protagonista está sofrendo nesta continuação, já que a garota agora deixou de ser uma peça a mais no tabuleiro do inescrupoloso presidente Snow (Donald Sutherland) e é agora uma importante arma política para desencadear a revolução nos 13 distritos. Sem contar a sua preocupação com o destino da família e amigos, além de sobreviver aos novos Jogos.
As atuações continuam excelentes e ganham belas adições. Phillip Seymour Hoffman (espetacular como novo administrador dos Jogos), Jeffrey Wright, Amanda Plummer e Jena Malone são alguns dos novos atores que se destacam entre as novidades, ficando à altura dos personagens interpretados por Jennifer Lawrence e Donald Sutherland. O último ganha inclusive um maior espaço na atuação, entregando uma maior carga dramática ao principal vilão da franquia.
Essa elaboração incrível do enredo perde-se, porém, na elaboração dos Jogos e na conclusão. Enquanto o primeiro, mesmo que sendo um elemento necessário ao longa (afinal, é uma produção voltada para o público jovem), perde o teor político da história e o substitui por uma camada maior e bem feita de suspense e tensão, o encerramento aberto não permite a Em Chamas ser caracterizado como um filme em si, mas sim um elo de ligação para os eventos do próximo capítulo, A Esperança.
Mesmo que possuindo esses pequenos problemas, a produção funciona espetacularmente. Do roteiro à ação, tudo em Jogos Vorazes - Em Chamas parece ter sido cuidadosamente feito para entreter tanto a fãs dos livros como àqueles espectadores cuja trama é novidade, além de já estabelecer a franquia como a definitiva sucessora de Harry Potter nos cinemas. Uma pena que a série já esteja na metade de seu caminho na tela grande, pois o potencial é claramente dos mais fortes.
Nota: 8/10

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