sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Crítica: Antes de Watchmen - Moloch

Falta aprofundamento à minissérie sobre o vilão dos Minutemen

Por Pedro Strazza

Após ter anunciado na Fan Expo 2012 que faria de última hora mais uma minissérie para Antes de Watchmen, dedicada agora ao vilão Moloch, J.M. Straczynski revelou na época que a revista tinha sido descartada inicialmente por causa de sua agenda cheia, ocupada até então pelos prelúdios ao Coruja e ao Dr. Manhattan. Com estes trabalhos terminados mais cedo do que se pensava, porém, ele resolveu propor à DC a retomada da ideia, e dois meses depois do anúncio o título já se encontrava à venda nas lojas americanas.
Essa evolução rápida do planejamento da minissérie é visível desde as primeiras páginas de Antes de Watchmen - Moloch. Contada em dois capítulos, a vida do inimigo clássico dos Minutemen na obra de Alan Moore é resumida aqui de forma a buscar no leitor uma simpatia pelo protagonista e sua triste e difícil trajetória. Para isso, Straczynski resolveu dividir a história em duas partes distintas: Na primeira edição, faz-se uma breve biografia de Moloch até sua condenação à prisão perpétua; a segunda, por sua vez, apresentam-se novamente os eventos de Watchmen sob a perspectiva do idoso antagonista aposentado.
Essa separação é inicialmente uma ideia muito interessante para o limitado número de edições, mas não funciona como deveria no papel. O primeiro capítulo é raso demais em descrever toda a interessante biografia do garoto Edgar Jaccobi, deixando de lado um olhar mais profundo sobre interessantes experiências vividas em prol de acelerar a narrativa. A infância do mágico poderia tranquilamente ganhar uma edição própria e explorar traumas que iriam se refletir em seu futuro, como a menina bully e os pais omissos (e subaproveitados), por exemplo.
Por outro lado, a segunda parte, que explora a vida de Moloch após seu último encarceramento e o acompanha nos eventos da graphic novel, é em vários momentos chata e tediante. Afinal, a vida do protagonista na aposentadoria é completamente manipulada por Adrian Veidt, o Ozymandias, que o usa como mensageiro de situações que ocorrerão na obra de Moore, em busca de uma simpatia do leitor pelo protagonista. Mas entrar em detalhes desse cotidiano burocrático e aborrecedor acaba não criando essa esperada compaixão por Jaccobi e contribui mais para o fracasso narrativo da minissérie.
Os desenhos de Eduardo Risso também não são eficazes em captar a atenção. Conhecido por seu trabalho em 100 Balas, o argentino, provavelmente trabalhando sob pressão do tempo, retrata os personagens com o habitual traço simples e desinteressa-se por retratar os ambientes, que estão geralmente escurecidos ou simples. É até visível, em alguns quadros, a falta de caracterização dos rostos e um ou outro queixo fora de proporção.
Tratado com pressa e sem revisão, Antes de Watchmen - Moloch falha ao privilegiar fatos desinteressantes e óbvios do "presente" (a história de Watchmen se passa nos anos 70, afinal) e não abordar os primeiros anos de vida de Edgar. Sim, duas edições são pouco para um histórico de um personagem, mas devem existir melhores planejamentos para uma minissérie situada no universo proposto há tempos por Moore.

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