domingo, 29 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013: Quadrinhos

Por Pedro Strazza

2013 está chegando ao seu final, e com ele vem junto aqueles bilhões de retrospectivas para você lembrar do que aconteceu de bom e ruim nesses últimos 365 dias. E no Nerd Contra Ataca não é diferente. Separamos para você, caro leitor, os melhores e os piores no mundo do cinema, games e quadrinhos em nossa revisada anual!
Para começar, visitamos o maravilhoso universo das HQs para uma rápida recapitulação das melhores republicações, os melhores do ano (óbvio!) e o que infelizmente decepcionou. Confira:
  • Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel: Já lançada em países como Inglaterra, Alemanha e Austrália, essa coletânea em 60 volumes da editora Salvat está republicando o melhor do melhor da Marvel em seus quase 100 anos de histórias, em edições bem-trabalhadas, de capa dura e a preço razoavelmente disponível (R$29,90 cada volume, que saem em formato quinzenal). E o melhor é que partir dela histórias clássicas como Marvels e A Última Caçada de Kraven estão finalmente voltando às bancas e livrarias!
  • Homem-Aranha: A Panini, por razões ainda não muito bem esclarecidas, resolveu republicar histórias clássicas do Amigão da Vizinhança em boa qualidade e capa cartonada, como A Morte de Jean DeWolff, Tormento e as primeiras edições do Aranha 2099 e Ultimate. Para quem está afim de conhecer mais sobre o herói, a pedida foi mais do que certa.
  • Os Livros da Magia: Publicada nos anos 90, a minissérie de Neil Gaiman que explora o universo místico da DC Comics a partir dos olhos do jovem Tim Hunter ganhou uma belíssima nova versão no Brasil, agora em capa dura e reunindo os quatro capítulos.
  • Monstro do Pântano - Raízes: De novo sem nenhuma razão aparente, a Panini resolveu publicar as primeiras histórias do Monstro do Pântano em duas partes. Apesar do segundo volume ainda não ter chegado, a edição é interessante para ver o personagem pelas mãos de seus criador, Len Wein, e cria expectativa para que a editora republique também a fase de Alan Moore à frente da criatura.
  • Alex Ross: O ano não poderia ter sido melhor para os fãs do artista. Nada menos que três obras com os desenhos do quadrinista ganharam novas versões por aqui, incluindo aí a clássica O Reino do Amanhã e a própria Marvels. Justiça completa o bolo da alegria.
  • Antes de Watchmen - Coruja/Espectral/Moloch: Apesar de grande parte do projeto ter funcionado bem, Antes de Watchmen não deixou de ter seus frutos podres. Os prelúdios para Coruja, Espectral e Moloch não souberam lidar, cada um à sua maneira, com os históricos dos personagens de Alan Moore, inventando tramas fracas e desenvolvendo mau seus protagonistas para os eventos da graphic novel.
  • Esquadrão Suicida: Iniciada no ano passado de forma promissora, a mensal da equipe de super-vilões encerrou 2013 sem nenhum brilho. Tramas péssimas, desenhos mal trabalhados e um foco exagerado em Arlequina tiraram do Esquadrão Suicida a sensação de imprevisibilidade que o título originalmente trazia, já que seus personagens a todo momento podiam morrer. Isso sem contar o retorno pra lá de absurdo do Pistoleiro à vida.
  • Eu, Vampiro: Lançada no mix da Dark ano passado, a série em quadrinhos da DC Comics não se segurou após A Ascensão dos Vampiros, um arco mediano, e caiu no exagero. Afinal, como explicar todas as reviravoltas e mudanças de lado sofridas nas últimas edições? E os Van Helsing, coitados, que se tornaram uma organização gigante e disseminadora de zumbis??? Pelo menos o talentoso desenhista Andrea Sorrentino já assumiu outro título na editora, a reformulação do Arqueiro Verde.
  • Homem-Aranha: Enquanto a Panini acertou em republicar clássicos do Homem-Aranha, o título principal do Amigão da Vizinhança continuou a sofrer nas mãos de Dan Slott e seus roteiros fraquíssimos. Combinado à arte de Humberto Ramos, o ápice desse sucateamento nas histórias do personagem ocorreu na saga A Ilha das Aranhas, onde a população de Nova York inteira ganhou os poderes do aracnídeo(?!?!?!?!?!?!?!?!?), e no arco final antes da Nova Marvel, onde o Doutor Octopus assumiu a mente de Peter Parker. Resta aos fãs agora torcer para que o Homem-Aranha Superior chegue em 2014 para melhorar a revista do personagem e, quem sabe, o talento de Slott.
  • Kick-Ass 2/Hit-Girl: Se Kick-Ass em 2010 foi uma excelente sátira ao universo dos super-heróis em um mundo mais realista, a continuação e seu prelúdio serviram mais como uma brincadeira de mau-gosto de duas crianças endiabradas. Cada vez mais sem limites, Mark Millar se juntou novamente a John Romita Jr. para criar uma história que quer mais chocar seu leitor do que desenvolver os personagens estabelecidos, gerando assim cenas exageradas como decapitações, desmembramentos e muito, mas muito sangue. Uma pena, visto que ainda tem um capítulo para ser lançado por aqui. 
  • Vingadores: Guerra Sem Fim: Quando foi anunciado que a Marvel Comics voltaria a publicar graphic novels inéditas com seus personagens e de que o primeiro lançamento seria simultâneo no Brasil e nos EUA, gerou-se uma expectativa grande nos leitores brasileiros. Essa expectativa, porém, foi duramente suprimida, pois Guerra Sem Fim logo em suas primeiras páginas prova-se ser uma bela de uma decepção. Faltou ritmo à desinteressante tramoia política de Warren Ellis, que não combinam em nada com a arte de Jason Keith.
  • Wolverine MAX: Conhecido por ser uma linha de publicações mais violenta, o reinício da Marvel MAX não conseguiu nada mais que risadas dos leitores em sua estréia. Se Jason Starr achava que sua trama é violenta para os padrões atuais do Carcaju, ele obviamente anda por fora do mundo dos quadrinhos por completo!

10°: Batman - Terra Um


Depois de J. Michael Straczynski reexplorar a origem do Superman em 2012, a DC Comics lançou, através da linha Terra Um, mais uma nova versão do começo da carreira de justamente um de seus heróis mais famosos, o Batman. Para evitar qualquer tipo de problema em relação ao material, o próprio chefe criativo da editora, Geoff Johns, assumiu a ingrata tarefa de mudar o conhecido e consagrado início do Cavaleiro das Trevas. Uma decisão acertada: Junto dos desenhos de Gary Frank, Johns refez com esplendor várias passagens da infância de Bruce Wayne, tornando-as mais realísticas, ao mesmo tempo que manteve as bases fundamentais da formação do herói.

9°: Morte da Família


Scott Snyder e Greg Capullo podem não ter atingido por completo a meta de fazer outro clássico combate entre o Batman e o Coringa, mas com certeza fizeram um excelente trabalho. Desde seu primeiro capítulo, Morte da Família prendeu violentamente o leitor ao construir de maneira fantástica o suspense em torno do plano do vilão. Combinando isso com a espetacular arte de Capullo, o arco consegue pelo menos um lugar de destaque na recente trajetória do Homem-Morcego nos quadrinhos.

8°: Antes de Watchmen - Ozymandias


Anunciada e lançada nos EUA no ano passado, Antes de Watchmen chegou por aqui sob fortes suspeitas. Afinal, a ideia de fazer prelúdios à clássica graphic novel de Alan Moore parecia para fãs e leitores tão inadmissível quanto escrever um segundo volume da Bíblia ou da Torá. Essa rejeição, entretanto, caiu quando as minisséries sobre Rorschach, Dr. Manhattan e, principalmente, Ozymandias chegaram às bancas, pois estas aprofundaram-se melhor em seus personagens, mentalmente ou cronologicamente. A do homem mais inteligente do mundo, porém, foi a que melhor funcionou, combinando roteiro impecável de Len Wein com desenhos maravilhosos de Jae Lee, ganhando portanto maior destaque aqui.

7°: Chico Bento - Pavor Espaciar


Dotado de um humor visual e proveniente do mundo dos cartuns, Gustavo Duarte foi o terceiro convidado da Graphic MSP para reinventar os personagens criados por Maurício de Sousa. Escolhendo o Chico Bento, Duarte elaborou com esmero e qualidade uma história que combina o universo do personagem caipira com elementos de sua infância em Bauru e gostos pessoais. Essa mistura resulta em Pavor Espaciar, uma graphic novel divertida e desprovida de qualquer preocupação, que com seu ritmo, referências e risadas encantou a vários apreciadores dos quadrinhos.

6°: Piteco - Ingá


Dentre todas as reinvenções propostas pela Graphic MSP em sua primeira fase, Ingá é de longe a que mais aproveitou a liberdade criativa. O escritor e desenhista Shiko mudou por completo o visual de diversos personagens do núcleo de Piteco e elementos de seu universo para fazer um verdadeiro épico visual de ação, envolvendo aí mitologia e rivalidade tribal. Com certeza um grande acerto do selo.

5°: Vingadores vs. X-Men


É quase engraçado pensar que, em quase 100 anos de histórias, a Marvel Comics nunca tinha pensado antes em botar as suas duas maiores super-equipes pra se estapear. E quando ela finalmente fez isso, o resultado foi espetacular. Resgatando elementos dos quadrinhos no passado, o embate que colocou os X-Men contra os Vingadores teve de tudo: Momentos épicos, drama, humor e muita, muita porrada. Escrita por uma equipe composta pelos maiores talentos da editora, a saga é, junto de Guerra Civil, uma das melhores histórias da Marvel em tempos recentes.

4°: Demolidor


A trajetória do Homem Sem Medo nos quadrinhos desde sempre é das mais difíceis. De sua origem trágica até sua recente "morte", Matt Murdock sempre foi considerado pelos roteiristas como um protagonista de um mundo duro e complicado. Essa visão, porém, sofreu mudanças recentemente com a entrada de Mark Waid e o desenhista Paolo Rivera em sua revista mensal, que trouxeram às aventuras do herói um ar mais leve e gráfico. Essa aposta da dupla funcionou perfeitamente, tornando o Demolidor novamente em um personagem de sucesso entre o público e a crítica - além de trazer vários prêmios e indicações para melhores do ano.

3°: Combo Rangers - Somos Heróis


Há tempos longe da equipe colorida, Fábio Yabu resolveu voltar a escrever sobre os Combo Rangers através de uma ajudinha de um site de financiamento coletivo. Os fãs prontamente doaram seu dinheirinho para tirar o projeto do papel, e o resultado a princípio é pra lá de positivo. Aliado à arte de Michel Borges, Yabu combina seu humor simples com uma baita homenagem aos tokusatsus no espetacular primeiro volume do reboot dos heróis. Ao final da leitura, resta ao leitor esperar ansiosamente pelas outras duas partes, que devem sair só no ano que vem.

2°: Azul é a Cor Mais Quente


Assim como todos os outros sentimentos, o amor se manifesta das mais diversas maneiras na sociedade. E, como toda a variedade, é normal que se criem preconceitos em torno de casos específicos. Em Azul é a Cor Mais Quente, Julie Maroh analisa essa sensação através do romance entre Emma e Clementine, duas mulheres que sofrem de todos os tipos de discriminações para ficarem juntas. Mas o amor que uma sente pela outra é mais forte do que qualquer julgamento e obstáculo. Uma graphic novel bela, romântica e sensível.

1°: Turma da Mônica - Laços

Se há alguém que com certeza não reclamou de nada em 2013 são os irmãos Caffagi. Escalados para escrever o segundo volume da Graphic MSP, Vitor e Lu Caffagi acertaram em cheio em sua graphic novel, que os alçou para o sucesso. Laços é uma espetacular mistura de aventura e comédia com gostinho de infância, à la Goonies e os filmes da Pixar, e mostra que a amizade é a maior das alegrias possíveis.


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