segunda-feira, 30 de junho de 2014

Crítica: Muppets 2 - Procurados e Amados

Caco e companhia voltam para tirar mais sarro de Hollywood

Por Pedro Strazza

Em 2011, os Muppets marcaram seu retorno aos cinemas com um filme que, usando do emocional do público, reapresentava a amada trupe de bonecos com um tom de auto-sarro (da forma mais inocente possível, claro) sobre a situação de abandono que viveram por anos. Agora, três anos depois de serem reintroduzidos, os personagens criados por Jim Henson repetem na continuação esse seu lado cômico, aplicando seu humor dessa vez ao cinema e seus clichês - mais exatamente os filmes de espionagem à la James Bond.
Esta tendência já se faz clara desde os primeiros minutos de Muppets 2 - Procurados e Amados (que começa, ironicamente, imediatamente após o final do primeiro filme): Conscientes de seu retorno, a trupe liderada por Caco (Para os mais jovens, Kermit), o Sapo vê nessa sequência a necessidade de sair em turnê após um número musical que expõe exatamente essa urgência de uma continuação de sua franquia ("A Disney, afinal, precisa de algo enquanto desenvolve Toy Story 4", canta Gonzo). Com isso em mente, os bonecos contratam Dominic Badguy (Ricky Gervais) como seu agente, sem saber que este conspira com Constantine, um sósia russo de Caco e o homem mais procurado do mundo, para roubar diversos museus através de seu show.
O próprio trocadilho óbvio no sobrenome de Dominic é uma das pistas para como a premissa do longa se desenrolará aqui. A cada passo dado em sua narrativa, Muppets 2 faz questão de apontar o clichê que inocentemente segue ou da tirada que realiza com alguma celebridade - ou até entre os próprios bonecos, a exemplo de quando um deles em certo momento reclama que "Novamente estão dando destaque a alguns personagens e colocando outros em segundo plano" - para fazer o espectador rir, através do humor característico e extremamente bem sucedido de seus personagens. A escolha de Tina Fey (intérprete de uma oficial russa de um gulag onde Caco é preso) e Gervais para interpretar dois dos três personagens humanos principais, não por acaso, segue essa escolha da história pela ironia com o próprio cinema, visto a frequente disposição destes dois atores em despreocupadamente fazer piadas sarcásticas com o que acontece dentro de Hollywood.
Os números musicais, porém, não seguem o mesmo nível de qualidade. Oscarizado no último filme, Bret McKenzie continua na sequência a escrever excelentes e hilariantes canções que se divertem na cafonice de vários gêneros musicais (sendo a mais visível, claro, a ótima "I'll Get You What You Want (Cockatoo in Malibu)"), mas em alguns momentos elas soam destoantes dos acontecimentos da trama. Sem contar aquelas que são mal introduzidas pelo roteiro, como por exemplo em "I'm Number One" e "Something So Right".
Outro ponto não tão bem trabalhado em Muppets 2 é o arco "dramático" (não dá pra ter um drama em um filme desses, convenhamos) vivido por Caco na história. Apesar de servir como um bom mote para o roteiro, a separação do líder de sua família acaba por quebrar a narrativa em duas partes - uma de mistério, outra de fuga de prisão - que muitas vezes não se conectam tão bem para fazer a trama andar organicamente.
Nada muito prejudicial, entretanto, para que o filme entregue ao espectador o prometido. Apesar de começar a dar sinais de desgaste, a equação do riso providenciada pelo roteiro de James Bobin e Nicholas Stoller (que recentemente dirigiu outra produção voltada exclusivamente para o humor) novamente funciona bem nas criações de Henson e continuam a pavimentar o retorno destes amados personagens. Para o terceiro filme e uma eventual série de TV, porém, essa fórmula terá que ser repensada e não repetida.

Nota: 8/10

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