terça-feira, 9 de setembro de 2014

Crítica: Anjos da Lei 2

Continuação leva ao limite frenetismo cômico de diretores

Por Pedro Strazza

Em sua até aqui curta carreira cinematográfica, Phil Lord e Christopher Miller mostraram que sabem lidar com comédia e ritmo acelerados. Responsáveis pelas animações Tá Chovendo Hambúrguer e Uma Aventura LEGO, a dupla de diretores apresenta em seus trabalhos uma invejável capacidade de fazer piadas sucessivas e exageradas em um curto período de tempo sem perder a graça ou o timing, atribuindo a seus filmes um humor rápido e conciso.
Anjos da Lei, maior sucesso dos dois até o momento, representa justamente o ápice desta característica. Aliado ao talento humorístico de Jonah Hill e Channing Tatum, a adaptação para as telas da série produzida no fim dos anos 80 levou ao extremo a comédia de velocidade e extrapolamento comedido dos dois. E com bom desempenho nas bilheterias, tornou-se uma questão de tempo até que uma continuação fosse anunciada.
Mas havia um problema: Como manter na sequência o nível obtido no primeiro capítulo? A resposta, para Lord e Miller, foi repetir em Anjos da Lei 2 a trama e todos os aspectos do longa de 2012, agora de forma mais exagerada - um desafio, se pensarmos no quão velozes os diretores são habitualmente - e com muito mais autorreferência.
Esta última, por sinal, parece ter sido o principal foco de humor da produção aqui. Das cartelas introdutórias que reintroduzem o espectador aos protagonistas Jenko (Tatum) e Schimdt (Hill) à chacota às sequências feita incessantemente pelo chefe de polícia (Nick Offerman), o segundo Anjos da Lei mostra claramente ao público sua disposição em rir de Hollywood e seu pragmatismo no que se refere a continuações. E quando percebe que o assunto está prestes a se esgotar, o longa desvia sua atenção rapidamente para outros temas dignos de chacota, como o nome artístico de Ice Cube ("Parece um cubo de gelo" diz alguém sobre o escritório do personagem vivido pelo ator) ou o valor ultrapassado de certas práticas cinematográficas.
O sarcasmo metalinguístico, entretanto, não é o único motivo de riso para a produção. Tema que vem sido bastante utilizado na última década pela comédia estadunidense, o bromance é levado ao limite por Lord e Miller, que fazem da forte amizade entre Jenko e Schimdt um palco hilariante para situações típicas de namoro, como inveja e discussões de relacionamento. O escárnio dos diretores com o assunto, porém, torna-se com o tempo repetitivo e cansativo, e nos instante finais a piada em torno da questão não surte mais o efeito desejado.
Frenético e afim de fazer rir do começo ao fim, Anjos da Lei 2 no fundo mostra a mesma estrutura narrativa e veia cômica que o primeiro, mas, talvez graças à sua maior velocidade, obtém um diferente tipo de humor aqui. Resta saber agora se Lord e Miller, em um eventual terceiro capítulo da franquia, terão a mesma disposição para aumentar ainda mais o ritmo do filme - e se conseguirão controlá-lo tão bem quanto nos anteriores.

Nota: 8/10

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